O SEGREDO DAS LINGUAS l O curso de língua estrangeira ainda pode fazer parte da sua vida.

História do inglês: qual é a origem da língua inglesa?

História do inglês: qual é a origem da língua inglesa?

Você sabe qual a origem da língua inglesa? É muito importante saber a história do inglês se quiser aprender verdadeiramente a cultura dos países que falam o idioma.

A partir de agora você vai ver a história do inglês em três textos onde vamos compilar os fatos históricos, pronúncia e gramática da língua, desde a idade antiga até a idade moderna. 

Para entender a origem da língua inglesa precisamos primeiramente compreender que para os especialistas, a história da língua é composta de três períodos: inglês antigo (449 – 1100 DC), inglês médio (1100 – 1500 DC) e inglês moderno (1500 – presente). 

Obviamente essas nomenclaturas podem variar dependendo da fonte que você lê, mas para fins didáticos vamos adotá-las. Vamos agora entender a base de tudo, da onde vem o inglês e como ele se fez língua universal.

Inglês antigo (449 – 1100)

Origem da língua inglesa: o início de tudo

As terras britânicas iniciaram sua colonização com os celtas, que permaneciam nas ilhas britânicas até a invasão de Júlio César em 55 BC. Na realidade, existiam outros povos na região antes dos celtas, porém não há muitos registros sobre esses povos. Ninguém sabe ao certo quem eles foram.

 A ocupação romana foi dada início em 43 AC pelo imperador Claudius que queria tentar anexar a Britannia ao império romano. Entre esse período de invasão romana e a retirada dos romanos no século quinto depois de Cristo por volta de 410, os celtas que desejavam avançar na vida aprenderam latim e ao mesmo tempo mantiveram sua língua nativa. 

Depois da invasão romana da Britannia (nome dado às ilhas à época), os pictas e escoceses atacaram também os celtas que não conseguiram resistir por muito tempo.

Ironicamente, os britânicos (nome que deriva de Briton, o povo que dominava a parte oeste da Inglaterra à época), apelaram para ajuda romana para se livrar dos escoceses e pictas, no entanto, essa ajuda não durou muito.

Depois os celtas pediram ajuda aos saxões para se livrarem dos invasores, a partir daí se inicia o período do inglês antigo, em 449 quando os primeiros guerreiros germânicos chegaram às ilhas britânicas. 

Desse período da história da língua inglesa em diante, iniciava-se também a primeira vez que a Britannia poderia começar a se formar como o país que hoje é a Inglaterra (Terra dos Anglos). 

As tribos germânicas que desembarcaram no país eram em sua maioria compostas de jutas, saxões, frísios e anglos. Aproximadamente um século e meio depois desse período, os descendentes dessas tribos também já começavam a se ver como os primeiros falantes de inglês.

Os germânicos acabaram por dominar totalmente as terras dos Britons de maneira destemida e sem nenhum senso de moralidade, muito menos sem medo de se tornarem criminosos de guerra. 

Logo de sua invasão, os germânicos enviaram mensagens a seus amigos sobre a covardia dos Britons e a fertilidade da terra e por mais ou menos cem anos, as tribos de jutas, anglos e saxões buscaram fazer fortuna na nova terra.

As regiões ocupadas pelos germânicos liderados pelos irmãos Hengest e Horsa (os dois nomes significam cavalo, um animal importantíssimo na cultura da época. Além disso, os dois irmãos acreditavam ser tataranetos de Woden, o principal deus germânico) foram as de Kent (nome dado pelos celtas e que se mantém até hoje) dominada principalmente pelos jutas. 

A região ao sul do Thames dominada pelos saxões e a do norte do Thames até a Escócia  foi dominada pelos anglos (que vinham de Angeln na Germânia), exceto a parte de Gales. Os pobres Britons fugiram para a Cornualha ou Gales (regiões oeste e sudoeste) ou foram forçados a se casar com os germânicos. 

Sendo assim, o colônia germânica ou a Heptarquia Anglo-saxônica passou a ser formada por sete reinos: Kent, Essex, Sussex, Wessex, East Anglia (Anglia do Leste), Mércia e Northumbria (que significa ao norte de Humber, um estuário britânico).

Kent se tornou o centro cultural e da riqueza da região e no final do século seis, seu rei, Etelberto (Æðelberht) conquistou a hegemonia de todos os reinos ao sul do Humber. Depois, nos séculos sete e oito, a Northumbria se tornou a parte mais rica, depois passou o bastão para Mércia que depois cedeu para Wessex. 

Essa última região foi governada por dois dos mais celebrados reis da história da Inglaterra e da história do inglês, o rei Egberto (Ecgberht), e o grande Alfred, cujo sucessor em 899, foi o primeiro a se coroar Rex Anglorum ou Rei dos Ingleses.

O contato com a cristandade

Para muitos historiadores, o evento mais importante da origem da língua inglesa foi quando o Papa Gregório I enviou missionários às terras dos anglos, e entre eles estava Santo Agostinho (não confundir aqui com o autor de Cidade de Deus que viveu mais de um século antes deste último). 

Esses missionários foram recebidos pelo rei Etelberto em 597 e chegaram na região de Kent trazendo consigo os evangelhos. Durante esse período, Etelberto se propôs à conversão para casar-se com uma princesa cristã da Frankia (hoje França). 

Depois de seu batismo, em 601, o rei consagrou a Agostinho a primeira igreja católica da Inglaterra e ele se tornou o primeiro arcebispo de Canterbury.

O contato com a igreja católica já havia acontecido muito antes do século sete, na realidade, os anglo-saxões tiveram contato através dos romanos e dos missionários irlandeses antes do século cinco. 

Apesar da cristandade ter se desenvolvido de maneira diferente na Irlanda e em Roma, os irlandeses conseguiram converter parte da população da Northumbria e da Mércia.

Porém, devido ao impasse de se a Inglaterra iria seguir a tradição irlandesa ou romana, um sínodo em Whitby em 664, resolveu dar continuidade à tradição romana. 

Isso parece um evento pequeno, mas foi essencial para o alinhamento das ideias inglesas com Roma e com o resto do continente europeu. Assim o latim romano adentrou o território e marcou a origem da língua inglesa. 

Portanto, podemos dizer que o inglês é uma mistura de latim com línguas germânicas para início de conversa. 

As invasões vikings

Já no início do século oito, os descendentes cristãos das tribos germânicas começaram a sofrer ataques dos vikings, invasores pagãos que saqueavam monastérios e igrejas..
 
Os ingleses os chamavam de daneses, mas esses povos vinham de onde hoje seriam os países escandinavos. 

Em 865, os filhos de Ragnar Lothbrok (Loðbrók), Ivan O Sem-Osso (reza a lenda que Ivan teria nascido sem ossos porque Ragnar forçou sua esposa amaldiçoada a consumar o casamento) e Halfdan organizaram uma das maiores expedições à Inglaterra. Isso aconteceu após a morte de Ragnar que fora jogado em um poço de cobras.

Depois da invasão de 865, os vikings tomaram praticamente todo o território do leste da Inglaterra. Porém quando em 878, eles atacaram Wessex, o rei Alfred finalmente conseguiu uma vitória em Edington. 

Ao derrotar o rei danês Guthrum, Alfred conseguiu que este saísse de Wessex e também fosse batizado na igreja católica, assim Alfred se tornou seu padrinho.

Graças à vitória contra os vikings, o rei Alfred foi o único da história britânica a ser coroado “O grande” e foi por causa dos esforços dele que o inglês se tornou uma língua popular. Assim, Alfred mandou traduzir diversos livros para o inglês entre eles As Crônicas Anglo-Saxãs, uma das maiores fontes de conhecimento da história do inglês. 

Alfred ainda é muito celebrado na Inglaterra até hoje por ter reorganizado as leis e o governo de seu reino e por ter feito muitos esforços com relação à educação de seu povo. 

Sua figura é tão importante para a história da Inglaterra que diversas lendas foram inventadas sobre ele. Seu sucesso na expulsão dos vikings foi tamanho, que seu filho e três dos seus netos que se tornaram reis, conseguiram consolidar a Inglaterra com uma região com uma população escandinava considerável, porém pacífica.

A segunda invasão viking

Ao final do século dez, as tropas dos reis Olaf Tryggvason da Noruega e de Svein Forkbeard da Dânia atacaram por mais de vinte anos os ingleses. Uma das batalhas é celebrada no poema em inglês antigo, A batalha de Maldon de 991. 

Mesmo com a inimizade que reinava entre ingleses e escandinavos, o sentimento que pairava na Inglaterra, depois dos ataques finalizados no século onze, era o de que os escandinavos meio que pertenciam à mesma “família” deles. 

Até porque as línguas escandinavas, conhecidas como norse antigo ou old norse, eram parecidas com o inglês antigo o que fazia a comunicação entre eles totalmente possível. 

Esses sentimento se devia ao fato de que os escandinavos estavam mais interessados em colonizar a região do que pilhá-la como tinham feito os invasores do século oito. Sendo assim, os daneses colonizaram diversas regiões e viveram por anos lado a lado com os ingleses.

A cultura da época do inglês antigo

Ao contrário do que muitos imaginam, a cultura entre os séculos cinco e doze não tem nada de sombria, chata ou cinzenta. Durante esses quase mil anos, principalmente pela conversão dos ingleses para o cristianismo, diversos escritores e estudiosos surgiram.

Graças a eles podemos ter informações tão preciosas quanto as que estamos estudando nesse momento sobre a história do inglês. 

Ao longo dos séculos oito e sete, as invasões escandinavas não conseguiram parar a efervescência cultural propagada por Alfred e mantida pelos seus sucessores. 

A exemplo disso, a catedral-escola de York foi a grande responsável pela formação de Carlos, O Grande (ou Charlemagne), líder dos Carolíngios. 

A poesia foi uma das principais produções do inglês antigo. Caedmon, o primeiro poeta em língua inglesa, pastor do século sete, narra em seus poemas seu encontro com um anjo. A partir de seus poemas, um novo gênero de poesia surgia. 

As produções dos poetas da época tinham como objetivo expressar o espírito cristão ao mesmo estilo dos bardos. 

Temos também a produção de Beowulf, que apesar de ter sido escrito tempos depois de sua história ser somente recitada, incorporou as tradições anglo-saxãs misturando paganismo e cristianismo. 

Esse poema se tornou um marco tão grande, que sua influência pode ser vista até hoje em grandes obras da literatura fantástica do século XX e XXI, a exemplo da saga Senhor dos Anéis de Tolkien.

A prosa também foi importante para o desenvolvimento da cultura da época. Na prosa o papel do cristianismo também se fez essencial principalmente no trabalhos de Elfrico, (Ælfric) um monge do século dez, considerado o mais importante escritor em prosa da época.

Foi ele que iniciou as bases da prosa em inglês e seus textos formavam o que tinha de mais erudito à época, tanto que a educação em inglês se baseava nele, dado seu uso de gramática e vocabulário. 

Considerando toda essa efervescência cultural, o inglês poderia ser considerado a língua mais desenvolvida da Europa, graças a seu vocabulário capaz de expressar sutilezas. Além disso, a cultura britânica era mais avançada do que a de qualquer outro país da Europa.

E obviamente, para entender a origem da língua inglesa, também compreender a importância de toda essa questão cultural é de suma importância.

Gramática do inglês antigo

Os verbos do inglês antigo

Passamos agora para a parte gramatical do inglês antigo. Não tem como entender a história do inglês sem compreender também como a língua acontecia em sua estrutura. 

Os verbos do inglês antigo eram divididos entre fortes e fracos. Os fracos tinham seus pretéritos formados com -d ou -t (talk – talked) e os fortes tinham sua vogal mudada (sing – sang – sung). 

Os verbos fracos eram divididos em três grupos e os fortes em sete. Além disso, os verbos irregulares já estavam presentes na língua aos montes. Veja a conjugação abaixo:

O indicativo se dividia entre presente e passado e era usado para fazer sentenças afirmativas ou perguntas. O presente fazia as vezes de presente e futuro. 

Já o subjuntivo tinha um uso bem parecido com o do subjuntivo em português, ou seja, indicar comandos e desejos. Ademais, o imperativo também era usado para comandos. Vejamos alguns exemplos de sentenças:

O subjuntivo era muito mais comum nessa época do que no inglês moderno e era usado depois de verbos que não necessitariam subjuntivo hoje como em “Sume men cweðaþ þæt hit sӯ feaxede steorra” ‘Some men say that it [a comet] be a long-haired star.; ‘alguns homens dizem que isso (um cometa) seja uma estrela de cabelos longos.”

As formas não pessoais dos verbos eram compostas de dois particípios e dois infinitivos. O infinitivo simples terminava em -an, -an ou -ian como “nerian” (salvar) e a segunda forma era  o infinito acrescido das terminações pessoais.

Isso acontecia quando o infinitivo era usado como substantivo, como o -ing do inglês moderno: “Is blīðe tō helpenne” ‘It is joyful to help,’ ‘Helping is joyful.’ ou ‘É alegrante ajudar’. 

Os particípios, por sua vez, eram usados mais proximamente do que se tem hoje no inglês moderno. Os particípios fortes terminavam com -ende ou -en, e isso sobreviveu até hoje em: bitten, eaten, frozen, swollen e outros. 

E os particípios fracos terminavam com -t ou -d. O prefixo ge- também era adicionado ao particípio, mas poderia vir acrescido a qualquer forma verbal. No inglês médio, ele sobreviveu como y-, observe: “geclypod” ‘called’ (chamado) se transforma em “ycleped” no inglês médio.

Já existia também, a possibilidade de se fazer construções compostas com “be” e “have” mais particípios, porém isso era bem menos usual no inglês antigo. Além disso, construções com mais de um auxiliar como “has been doing” não existiam. 

Nota-se aqui que o sistema verbal do inglês antigo usava os tempos para cobrir mais significados do que o inglês moderno que recorre a expressões verbais compostas. 

Ademais, advérbios eram usados para passar significados que hoje se conseguem com expressões verbais: “He had come” (ele tinha vindo) corresponde a “Hē ǣr cōm” do inglês antigo, literalmente “He earlier came” (ele mais cedo veio, literalmente).

A voz passiva poderia ser obtida ou usando uma forma similar ao inglês moderno, ou o pronome “man” (um). Porém o mais comum era usar o infinitivo simples como passiva: “Hēo hēht hine lǣran” ‘ela o ordenou a ser ensinado,’.

Literalmente “ela o ordenou a ensinar” mas significando “ela ordenou (que alguém) o ensinasse”. Ou também: “Hine man hēng” ‘Him one hanged,’ (A ele um enforcado) ou seja “ele foi enforcado”.

Havia também verbos impessoais que poderiam ser usados sem sujeito como em “Mē lyst rǣdan” ‘[It] pleases me to read’ “me agrada ler”. Na verdade, qualquer verbo poderia ser escrito sem sujeito se ele estivesse implícito. 

Essa última característica não sobreviveu devida a perda dessa riqueza verbal no inglês. Como a história do inglês mostra, à medida que a língua foi perdendo a conjugação verbal, ter um sujeito fixo na frase foi ficando cada vez mais comum. 

Caso e número

Notadamente, uma das maiores diferenças das palavras no inglês antigo era a noção de gênero. Como no português moderno, no inglês antigo, existia masculino e feminino. Além disso, também existia o neutro. 

No caso, o gênero não tinha nada a ver com o sexo, por exemplo “wīf” (wife – esposa) é neutro e enquanto “hēafod” (cabeça) era neutro e “wamb” (barriga) era feminino. 

Além de gênero, o número (singular – plural) também era marcado no inglês antigo. A regra era assim, o substantivo e o adjetivo concordam em tudo: gênero, número e casos.

Os casos marcavam a função sintática da palavra na sentença, tínhamos quatro: nominativo para o sujeito; acusativo para objeto direto; genitivo era o caso da posse, e por último o dativo que era o caso de objeto indireto.
 
Para adjetivos, demonstrativos e pronomes interrogativos havia ainda um quinto caso: o instrumental. Esse caso marcava meio ou maneira como ocorre uma ação.

Obviamente que não eram apenas essas as funções dos casos, porém esses eram seus usos majoritários. Dependendo da preposição ou do uso do advérbio ele pedia que o substantivo que o seguisse fosse dativo, genitivo ou acusativo. Observe o quadro abaixo:

Tendo observado o quadro, nota-se o quão complexa era o sistema de declinações dos substantivos em inglês antigo. A maioria deles pertencia ao grupo do a-stem. 

Observe também que a forma -es do genitivo singular foi a que deu origem ao plural e ao genitivo do inglês moderno: -s. Porém a apóstrofe só vem a existir séculos depois.

Um fenômeno que se observa devido aos casos, é a questão do i-umlaut. Palavras como “fōt” tinham o dativo singular “fōti”, porém o [o] e o [i] se assimilaram e o som da palavra parou em um ponto médio entre os dois originando o som de [e]. 

Portanto, por volta do século seis, começa-se a notar que “fōti” tinha algumas de suas formas transformadas em fēt-. Ainda no período do inglês antigo, essa mudança não marcava plural, porém passados algumas décadas o par foot – feet foi formado. Outros exemplos são goose-geese, man-men, tooth-teeh, mouse-mice. 

Ademais, esse fenômeno também ocorreu em outras classes de palavras como se vê em old-elder e strong-strengh. Em todos esses casos a última palavra terminava em um [i] que foi incorporado à palavra em forma de [e].

Dada a presença de casos tão complexos, o sistema de estrutura de sentenças em inglês antigo era mais livre, mas no geral as sentenças declarativas mantinham a ordem sujeito – verbo – objeto.

Demonstrativos e artigos

Os demonstrativos de inglês antigo, como podemos ver abaixo, eram extremamente complexos também. No entanto, o gênero só era distinto no singular e as formas de masculino e neutro eram iguais. Observe:

A forma “the” do inglês moderno deriva de “se” que se transformou em “þe” e este deu origem à forma moderna. Em comparações, porém, o uso do “the” como em “the more, the merrier” vem do “þē” que era o neutro instrumental que significa algo como “por esse tanto”. 

Com relação aos outros demonstrativos temos “þis” (neutro) que originou “this”,”þæt” pata “that” e “þās” que virou “those”. O plural de “this” como “these”, só passa a existir no inglês médio.

É interessante perceber que não existiam artigos propriamente ditos no inglês antigo, eram os demonstrativos que se encaixavam no lugar onde hoje teríamos o artigo definido “the”.
 
Já os indefinidos eram representados pelo numeral  “ān” ‘one’ ou também pela palavra “sum” “alguns”. Ainda assim, onde hoje haveria um artigo, no inglês antigo muitas vezes não se tem nada.

Adjetivos e advérbios

Como já explicado acima, os adjetivos concordavam com o substantivo em tudo: gênero, número e caso. O sistema tinha dois tipos de declinações: as fortes e as fracas. 

Adjetivos da declinação fraca eram usados depois de demonstrativos e possessivos e não variavam em gênero no plural. Observe o paradigma abaixo para “se dola cyning” ‘aquele rei idiota,’ “þæt dole bearn” ‘aquela cirança idiota,’ e “sēo dole ides” ‘aquela mulher idiota’:

Contrariamente, a declinação forte era usada quando o adjetivo não era precedido de demonstrativo e possessivo. Observe abaixo para “dol cyning” ‘um rei idiota,’ “dol bearn” ‘uma criança idiota,’ e “dolu ides” ‘uma mulher idiota’:

No tocante ao comparativo, este era regularmente formado por -ra e o superlativo com -ost, por exemplo: heard, heardra e headrost (hard). Alguns poucos já apresentavam alguma outra raiz como gōd (good),’ betra (better),’ betst (best), māra (more), mǣst (most).

Para outros adjetivos existia ainda a possibilidade da terminação -(u)ma que se perdeu ainda no período do inglês antigo e se transformou em -mest, por exemplo: “forma” de “fore” (antes) que virou “formest” e depois dada a confusão entre as terminações acabou virando “foremost”. 

Sendo assim existem diversas palavras em inglês terminadas em -most por causa desse fenômeno: foremost, midmost, rightmost, topmost entre outras. 

Com relação aos advérbios, bastava acrescentar -e aos adjetivos dos quais eles se derivavam: “wrāþ” ‘angry’ (com raiva), “wrāþe” ‘angrily (raivosamente). Esse -e foi perdido no século quatorze e sobreviveu “escondido” até hoje em alguns advérbios como “slow” em “drive slow”. 

Era comum usar as formas de genitivo e dativo como advérbios, veja o exemplo: “He hwearf dæges and nihtes” ‘He wandered of a day and of a night’ (ele vagou um dia e uma noite). Essa construção sobreviveu em expressões como “he worked nights”.

O -s de alguns advérbios como besides, towards é um traço de sobrevivência do inglês antigo. Como em once, twice, thrice porém com uma escrita diferente. 

A negação era feita com o advérbio “ne” como em “Ic ne dyde” ‘I did not.’ ‘eu não fiz”. As contrações já existam na época em “nis” ( ne is; is not), “nille” (ne wille; will not), næfþ (ne hæfþ; has not).

Pronomes

A classe dos pronomes também tinha casos e número. A presença do dual indicava um pronome específico para tratar duas pessoas. O gênero, por outro lado, só existia nas terceiras pessoas.

A origem do “she” é incerta, muito provavelmente ele veio do demonstrativo “sēo” porque ‘hēo’ e ‘he’ começaram a ser pronunciados iguais, o que fez com que os falantes pegassem o “she” de outra parte da língua para evitar confusões. 

A perda do [h] no início dos pronomes se deu por falta de tonicidade quando pronunciado, isso é um paralelo a mesma coisa que acontece hoje em “give her his book”, por exemplo, em que no discurso corrente se torna “give ‘er ‘is book”.

Para todos os pronomes do inglês antigo, exceto “hit”, o acusativo foi substituído pela dativo já muito cedo na história do período. Por exemplo, “mec” uma forma acusativa para a primeira pessoa do singular se transformou em “mē” que era o dativo e este último prevaleceu.

Quanto aos pronomes interrogativos (quadro abaixo) o “hwā” (who – quem) originou todos os outros: “hwā” vira “who”; “hwām” “whom”; e “hwæt” “what”. “Hwone” não sobreviveu além do inglês médio e foi substituído pelo dativo. “Whose” veio de “hwæs” e “why” de “hwӯ”. 

Ainda com relação ao “hwā” nota-se que ele é exclusivamente interrogativo, sendo o “þe” o pronome relativo. Nesse caso o inglês complexificou-se ao longo de sua história, já que hoje temos de distinguir entre “who” e “whom” que não existia.

Pronúncia e escrita do inglês antigo

Como vimos anteriormente, a história do inglês é marcada por muitas invasões e guerras que começaram a moldar a língua. Infelizmente, em termos de pronúncia existem apenas reconstituições aproximadas do que pode ter sido.

Vale sempre lembrar também que existiam muitas diferenças regionais como ainda acontece hoje. 

Outro ponto importante é que normas de gramática e ortografia são coisa moderna, era comum ver a mesma palavra escrita de diferentes maneiras até o século dezesseis mais ou menos.

Pronúncia e escrita

No inglês antigo, a duração de uma vogal era um fator de distinção entre palavras. Por exemplo, “good” era “gōd” (o traço em cima, marca vogal longa) e Deus era “god”.
As representações das vogais em inglês antigo eram a, æ, e, i, o, u, e y. 

As vogais cardeais (a,e,i,o,u) representavam os mesmos sons que elas costumavam representar hoje.
 
No caso do æ ele também representa o som que existe até hoje em inglês que diferencia “mau”, “bad” [bæd] de “cama”, “bed” [bed]. Já a letra y era usada apenas para a vogal frontal arredondada que não sobreviveu no inglês, mas sobreviveu no francês e no alemão como em “purée”, por exemplo.

Com relação as consoantes, temos  b, c, d, f, g, h, k, l, m, n, p, r, s, t, þ ou ð, w, x, e z. Nota-se que não existia ainda a escrita de j, q, v e o y era sempre uma vogal. 

Os símbolos b, d e k eram raramente utilizados e l, m, n, p, t, w, às vezes eram representados como ƿ, a pronúncia no entanto era igual a de hoje na maioria dos casos.

No tocante à escrita, ela era totalmente diferente do que temos agora porque os anglo-saxões aprenderam dos irlandeses a escrever ao estilo insular. 

Não havia espaço entre palavras, nem pontuação. Consequentemente, os poemas eram escritos sem separação de versos e estrofes.

Já com respeito à “melodia” da língua, o inglês antigo tinha a maioria de suas palavras com a sílaba tônica na primeira sílaba. Havia algumas exceções como verbos com prefixos. 

Graças a esse fenômeno, as vogais finais das palavras começaram a se perder no século dez. Em comparação com o inglês moderno, o sistema de sílabas tônicas era mais simples no inglês antigo.

Vocabulário

Considerando o momento histórico em que se encontrava o inglês, a maioria de seu vocabulário era germânico com uma certa influência do norse antigo. 

Várias palavras germânicas sobreviveram até hoje na língua como god, gold, hand, land entre outras. Existem também palavras que sobreviveram, mas trocaram de significado como “brēad” que significava “pedaço” ou “drēam” que significava ‘felicidade”. 

Para algumas palavras germânicas seus significados sobreviveram “disfarçados” em expressões fixas. Por exemplo, a palavra “guma” (homem) que vinha do latim “humanus/homo” sobreviveu em “bride-groom” que significa literalmente o homem da noiva.

Um outro caso foi “wer” que também significava homem e se encontra hoje na palavra “werewolf” (lobisomem). A partícula -ly dos advérbios também era uma palavra solta que se tornou uma terminação no inglês moderno.

Em relação às palavras que não sobreviveram, mesmo as que adentraram o inglês médio (como veremos nos próximos textos), elas desapareceram e foram substituídas por empréstimos de outras línguas em sua maioria. 

Na realidade, esse foi o caso da maioria das palavras compostas do inglês antigo que as usava com extrema frequência, como por exemplo “cræftsprǣc” que seria algo como “craftspeech” que hoje se tornou “technical language”.

Como conclusão, vimos aqui a primeira parte da história do inglês que vai até um pedaço da Idade Média.

Espero que esse texto tenha te ajudado a iluminar um pouco mais da origem da língua inglesa e que você possa através dele entender que aprender inglês também e aprender sobre a cultura do passado e do presente.

Agora, por que não aproveita para ver mais posts sobre o inglês que podem te ajudar na seu aprendizado? 

Fontes:

ALGEO, J. The Origins and Development of the English Language. 2010
https://www.historic-uk.com/HistoryUK/HistoryofEngland/The-Norman-Conquest/

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