O SEGREDO DAS LINGUAS l O curso de língua estrangeira ainda pode fazer parte da sua vida.

Por que você quer aprender inglês rápido?

Por que você quer aprender inglês rápido?

Então você quer aprender inglês rápido? Em tempo recorde? Bom, esse tipo de demanda por parte dos alunos tem se tornado cada vez mais comum. Afinal de contas, o mercado de trabalho também tem exigido um bom currículo e falar inglês se tornou essencial. Para ter um lugar de destaque e ser valorizado portanto, devemos aprender inglês o mais rápido possível, não é mesmo?

Primeiramente, vale uma reflexão sobre o porquê dessa crença de que temos que aprender inglês rápido ter surgido. Essa história começa com nossa visão sobre o ensino de inglês e a escola regular.

Você provavelmente já ouviu milhões de vezes que é impossível aprender inglês na escola principalmente se for pública. Essa é uma das visões mais comuns do imaginário público e acabou se tornando senso comum. De acordo com alguns linguistas, devido ao fato de que essa noção sobreviveu por muitos anos, os alunos de escola começaram a criar uma resistência ao inglês escolar por causa desse tipo de comentário. Tanto é que em algumas pesquisas, diversos alunos que conseguiam falar bem, acabaram se sentindo desconfortáveis por terem alcançado um nível superior a média. 

É verdade sim que a escola pública não tem uma boa estrutura para dar conta da demanda do ensino de inglês. Infelizmente, desde o início das primeiras cadeiras de língua estrangeira no século XIX até os dias atuais, o que se observa é um grande descaso com relação ao ensino de inglês no Brasil, seja por falta de carga horária, seja por falta de estrutura na sala de aula ou desinteresse dos envolvidos.

Observa-se, ademais, que os documentos oficiais, principalmente o Plano Curricular Nacional demonstram que o ensino de inglês nas escolas públicas é ruim porque falta material didático, condições de sala de aula e profissionais bem qualificados. Ou seja, eles admitem que não estão nem aí e que a situação está ruim porque sempre o foi.

Contudo, ainda podemos achar casos de sucesso de alunos que aprenderam inglês na escola pública muito mais por seus próprios méritos, mas que ainda assim usavam a escola como base do aprendizado.

Soma-se a isso o fato de que nossa sociedade hoje assumiu um caráter utilitarista quando o assunto é a pedagogia. Isso significa que os alunos só querem saber daquilo que é produtivo e os deixa mais competitivos. Não podemos também cair na armadilha do iliberalismo, porém há de se reconhecer que se a pedagogia não “dá dinheiro”, ela vai sofrer um certo descaso e exclusão. Nessa esteira, se o inglês se torna essencial para o mercado de trabalho e nossa sociedade consegue fazer com que qualquer conhecimento seja comoditizado, ou seja, vendido como “objeto” e precificado, então um novo idioma vai ser simplesmente mais um título, mais uma frase no seu currículo, o caminho para uma bolsa de estudos ou um degrau a mais a ser subido e finalizado.

Se analisarmos nosso contexto, o fato do inglês ser fraco e decadente na escola (e duvido que isso mude no futuro) mais a perpetuação dessa ideia de que é impossível aprender inglês nela, somado aos contornos utilitaristas que o aprendizado de idiomas vêm ganhando por causa da comoditização da educação e das exigências do mercado, conseguimos compreender porque o mercado de idiomas está crescendo cada vez mais. Anualmente são mais de 3 bilhões de reais movimentados por esse mercado que por necessitar captar alunos, acaba por vender a ideia de que é possível aprender um idioma o mais rápido possível. Lembremos como já foi dita anteriormente, isso é marketing e não realidade e saber distinguir ambos é essencial.

Para concluir, um terceiro ponto, como já falei em outros textos do blog, existiria ainda um fator sócio-cognitivo que faz parte do nosso contexto histórico, que é o fato de que ninguém mais diferenciar realidade de marketing. Portanto, qualquer escolinha de idioma que faz o marketing de que você vai aprender rápido simplesmente porque você quer, estaria sistematizando a mentira para captar mais alunos. Sem contar que com as redes sociais esses cursos podem pagar influencers para mentir para eles. A questão aqui é que essas instituições estão apenas absorvendo pressões do mercado para vender, pressões essas que são colocadas por quem quer consumir “um objeto”, uma commodity acreditando levianamente que tem como aprender rápido.

Fonte:

https://www.scielo.br/j/tinf/a/k784btHyzYSMr5Y5L8gLcSy/?lang=pt https://youtu.be/hIWd0U3l5OM

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