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Vocabulário do inglês moderno

Vocabulário do inglês moderno. Como vimos, o inglês médio já trouxe uma grande extensão no vocabulário do língua culminando no vocabulário...

Como vimos, o inglês médio já trouxe uma grande extensão no vocabulário do língua culminando no vocabulário do inglês moderno. Neste momento a expansão continua já que a Inglaterra via seus níveis de alfabetização crescerem imensamente junto com as facilidades de viagem que se desenvolveram no século dezesseis. Soma-se a isso, o fato de que os falantes de inglês se encontravam com muitos falantes de outras línguas e com novos objetos e situações que o inglês precisava conseguir descrever o que os forçava a criar ou pegar emprestadas novas palavras.

A influência das línguas clássicas aqui fica clara com novos vocábulos do latim e do grego que eram utilizados principalmente na escrita, mas raramente faladas. Ademais, o francês continuava a ser uma das maiores fontes de empréstimos para o inglês e o espanhol, o português e as línguas indígenas americanas também se tornaram fontes significativas dado o período colonial. 

A invenção da imprensa por Gutemberg foi primordial para o desenvolvimento do inglês. O problema é que os textos que foram impressos seguiam o estilo de escrita medieval enquanto a língua mudava radicalmente sua pronúncia. Outra questão que influenciou o desenvolvimento do inglês foi o fato de que os mais letrados da época valorizavam a escrita arcaica e recriavam palavras para deixá-las mais “clássicas”. 

A escrita

Dadas essas questões explicadas acima, a ortografia do inglês sofreu algumas mudanças significativas.

Primeiramente, temos a introdução do th para substituir o þ que não existia nas impressoras da época. O uso de i ou j para consoante ou vogal ainda não havia se estabilizado. Tanto em Shakespeare quanto na Bíblia do Rei James os usos de i e j são ainda indiscriminados até o século dezenove. O caso de u e v também era o mesmo de i e j. Nenhuma dessas ocorrências tinha a ver com a pronúncia, portanto teríamos: liue ou live ao mesmo tempo Iack or Jack.

Também durante o Renascimento o h passou a ser inserido depois de t em palavras que vinham do francês antigo, mas que eram pronunciadas com som de [t]. Na realidade, aqui vemos uma tentativa de reavivar a escrita vinda do grego. Assim, o som do theta (θ) do grego passou a ser escrito th pelos romanos, foi para o francês antigo como th e foi inserido no inglês depois da Renascença em palavras que antes eram pronunciadas e escritas com [t]. Para emular a pronúncia grega, o dígrafo th em inglês passou a ser pronunciado igual ao [θ] em grego dando origem ao som th moderno.

A reescrita de palavras alcançou boaparte do vocabulário do inglês moderno:

  1.  schedule, originalmente cedule, por exemplo é uma palavra que foi recomendada a ser pronunciada [sk] para retomar o grego, a pronúncia moderna britânica com [sh] é considerada em erro
  2. debt, doubt e subtle tiveram um b acrescido à sua escrita por causa de sua origem latina
  3. rhyme e rhythm também foram reescritos dada sua origem do grego rhythmos que originou o latim rithmus ou rythmus. A diferença de sentido entre rima (rhyme) e ritmo (rhythm) é algo moderno, porém a origem é a mesma
  4. Receipt e indict também foram reescritas para se reaproximar do latim, mantendo a pronúncia
  5. A palavra parliament também sofre reescrita dada suas origens latinas que acrescentou um i em parlement

O problema da escrita da época é que, como se pode notar, muitos especialistas na língua se achavam no direito de condenar, recomendar um monte de pronúncias escritas diferentes e que na realidade não mudavam a vida de ninguém.

Veja o exemplo da palavra fault que vinha do latim fallita e chegou na inglês através do francês faute no período do inglês médio. O mesmo aconteceu com vault. Alguns especialistas da época condenavam a pronúncia do l como era o caso de Dr. Johnson em seu dicionário. O mesmo era defendido por Thomas Sheridan em seu dicionário de 1780 e também James Elphinston em 1787. Robert Nares em 1784, já não recomendava nada, ambas as pronúncias eram aceitáveis. Porém, para John Walker em 1791, omitir o l era dissociar a palavra do latim e portanto ele deveria ser pronunciado.

Com todas essas recomendações e reescritas já começamos a perceber porque escrever em inglês se torna tão difícil nos dias de hoje. Mas na realidade, a maior mudança na pronúncia do inglês ainda estava por vir. Assim, o vocabulário do inglês moderno estava muito mais próximo do que é hoje e já apresentava as confusões que os alunos fazem até o presente.

ALGEO, J. The Origins and Development of the English Language. 2010

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