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História do inglês: influência do francês no inglês

História do inglês: influência do francês no inglês

Neste artigo continuamos a nossa saga sobre a história do inglês para entender porque  inglês é uma língua universal, focaremos nas influências do francês no inglês. 

Entramos agora no período correspondente ao inglês médio que compreende os períodos de 1100 a 1500 DC. Na realidade, essas datas são um pouco arbitrárias e dependem do pesquisador. 

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Geralmente o que os linguistas consideram o início do inglês médio são as mudanças gramaticais ocorridas ao longo do período e depois as mudanças de pronúncia ocorridas ao final dessa era. 

Veremos como a invasão normanda na Inglaterra foi essencial para que o inglês tivesse influência do francês no inglês.

A invasão normanda

Em 1066, a Normandia invade a Inglaterra e substitui a nobreza britânica da época por anglo-normandos que traziam consigo o francês. Essa língua, portanto, se estabeleceu como a língua do governo inglês.

A questão da invasão da Normandia se inicia com o fato de que o último rei da linha de descendência de Alfred foi Eduardo, o Confessor. Como Eduardo morreu sem herdeiros, Haroldo, filho de Earl Godwin foi eleito rei. 

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Porém, William, o Conquistador, duque da Normandia, afirmava que Eduardo lhe havia prometido a coroa. Resolveu então que ele tinha direito ao trono. Daí, os normandos invadem a Inglaterra derrotando o rei Haroldo e tomando o poder.

Os problemas que levaram Haroldo a ser derrotado, começam na realidade com sua rivalidade contra seu irmão Tostig ao norte da Inglaterra. 

Tostig e o rei da Noruega (Harold Hardrada) já haviam declarado guerra contra Haroldo e marcharam até Tadcaster onde batalharam por dois dias. Haroldo tendo saído vitorioso, se viu com um exército cansado e diminuído. Esse fator foi decisivo para a vitória dos normandos que ao batalharem em Hastings, “facilmente” venceram.

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A Normandia é uma região do norte da França que já havia sido invadida pelos vikings do século oito a dez. Assim, os escandinavos foram chamados de Northmen (homens do norte), ou seja, Normans ou normandos. 

Já William era filho bastardo de Roberto, o Demônio – cujo apelido se refere às fortes dores que ele sentia no início de sua vida – que envenenou o irmão para se tornar duque da Normandia.

Roberto descende da linhagem do danês Rollo (Hrólfr) que foi o primeiro duque da Normandia após fazer um acordo com o rei Carlos, o Simples da França. Entre as cinco gerações que separam Rollo e William, os normandos já haviam se tornado franceses. Ainda que naquela época o que viria a ser a cultura francesa estava muito longe e muito aquém do que acontecia na Inglaterra. 

Apesar dos normandos terem ganhado a batalha, o povo de Londres resistiu bravamente à conquista normanda, tanto que William demorou semanas para conseguir adentrar a cidade. Porém, depois de tê-lo feito à base de promessas e subornos, o arcebispo de Ealdred of York, o coroou Rei da Inglaterra.

Os primeiros anos de William foram marcados pela insegurança de suas regras, pela construção de castelos (para marcar território) e pela repressão contra os rebeldes. Porém, por volta de 1072 os normandos já haviam se estabelecido firmemente na Inglaterra e governam com certa estabilidade. 

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Depois da invasão normanda, em termos de língua, na Inglaterra por muito tempo teve três línguas. Latim era a língua da igreja, o francês a do governo e o inglês a língua da população. 

A influência da cultura francesa pode ser notada também em alguns estilos arquitetônicos de igrejas e castelos construídos com tijolos e grandes pedras, enquanto as estruturas inglesas eram feitas de madeira.

Uma outra característica dos franceses foi sua extrema organização e o bom governo, a exemplo disso temos o Domesday Book que mostravam todos os donos de terra da Inglaterra e que serve de prova para mostrar o poderio normando.

A partir do século treze diversos fatores promoveram o uso do inglês e a queda do francês:

  •  Especificamente em 1204, o rei João (descendente do Conquistador) perde a Normandia.
  • Em 1258, Henrique III usa inglês e francês para suas proclamações oficiais. 
  • No século quatorze, a Guerra dos Cem Anos iniciada em 1337 fez da França e da Inglaterra terríveis inimigas, o que enfraqueceu demais o uso do francês na Inglaterra. 
  • Em 1349 o inglês passa a ser usado na Universidade de Oxford. 
  • Em 1362, Eduardo III abre o Parlamento em inglês. 
  • A peste bubônica na metade de quatorze e a Revolta dos Plebeus de 1381 ajudaram a mudar as relações trabalhistas na Inglaterra. Devido a peste, a escassez de trabalhadores os obrigou a demandar maiores salários e devido a Revolta (que falhou miseravelmente) novos presságios de mudanças sociais começaram a surgir. 
  • Acrescenta-se a isso, o fato de que John Wycliffe desafiou a igreja católica inglesa e traduziu a Bíblia para o inglês. Esse fato ajudou a popularizar as doutrinas que antecederam a Reforma protestante

A partir da invasão normanda na Inglaterra passamos a ver a influência do francês no inglês. O vocabulário da língua se expandiu e diversas palavras foram acrescidas à língua por conta da forte latinização que o francês trouxe. 

Vocabulário do inglês médio

Focamos no vocabulário do inglês médio. Como vimos anteriormente, o latim continuou a influenciar o vocabulário do inglês durante a Idade Média.

Os empréstimos das línguas escandinavas estavam cada vez mais consolidados, porém víamos a maior influência do francês no inglês. O impacto da conquista normanda na Inglaterra foi basicamente em seu vocabulário e isso mudou muito o “jeitão” do inglês trazendo vocabulário do francês.

A escrita (não a pronúncia) também foi impactada pelo francês. Nesse período, o “th” que havia sido substituído no inglês antigo por “þ” ou “ð”, foi reintroduzido e permanece até hoje. O letra “w” e o “g” também foram introduzidos pelos normandos. 

As palavras que se iniciam com v também foram introduzidas pelo latim e pelo francês. Nenhuma palavra do inglês tem [v] (o uso dos colchetes marca o som) como som inicial naturalmente, todas são empréstimos. 

As palavras que tinham som de [v] no meio delas como drifen (apesar da escrita ser com f, o som de [v] se desenvolveu no meio de palavras) do inglês antigo, agora passaram a ser escritas com o símbolo “v” pelas escribas do inglês médio.

Outras inovações que mostram  influência do francês no inglês, foi a introdução de “ch” na escrita para indicar o som de [tch] que no inglês antigo era escrito como “c”, então por exemplo cild do inglês antigo vira child

O “sh” também foi outra inovação, substituindo a “sc” do inglês antigo, transformando sceal em shall, por exemplo. Além disso, a mudança de “hw” para “wh” também transformou palavras como hwæt em what por acharem essa última escrita mais próxima da pronúncia.

 A letra “k”, usada às vezes no inglês antigo, ganhou mais força no inglês médio e seu uso se tornou mais comum antes de “e”, “i” e “y”. A introdução de “qu” que substituiu “cw” do inglês antigo deu origem a palavras como “quellen” (kill no inglês moderno) do inglês antigo cwellan e “queen” que era cwēn

O dígrafo “gg” também aparece agora, substituindo o “cg” do inglês antigo em palavras como ecg que viraram egge e no inglês moderno edge.

Uma outra característica comum no inglês médio é o uso de duas letras seguidas para indicar vogais longas principalmente “ee” e “oo”. Muitas dessas vogais duplas chegaram aos dias modernos. 

A pronúncia, no entanto, era um tanto confusa. Em algumas palavras o “ee” gerou o que hoje é escrito como “ea” e em outras palavras o que seria escrito hoje como “ie” ou “ei”. 

Já o “oo” indicava o som de [ó:] ou [ô:] que se desenvolveu a partir do [á:] do inglês antigo. Os dois pontos indicam sons longos. Isso significa que, no inglês médio, começamos a ver as mudanças que levariam a diferença de pronúncia de palavras como rood [ró:d] ou [rô:d] mais parecido com o inglês moderno. 

Ainda em termos de pronúncia, nota-se que o “e” final em palavras como fode e fede enfraqueceu-se em termos de som e passou a indicar uma vogal longa, o que deu origem food e feed, por exemplo.

Esse acontecimento gerou o “e” final surdo do inglês moderno como em case, bite, rule. Consoantes duplas, ao contrário, passaram a indicar vogais curtas e isso sobreviveu até hoje em palavras como bitter e biter ou diner e dinner

A troca de escrita de “u” para “o” também marcou muitas palavras do inglês médio que sobreviveram até hoje como em: come (cume no inglês antigo), wonder (wundor), love (lufu) ou honey (hunig). Além disso, o dígrafo “ou” também começou a ser usado no século quatorze para marcar [u:]  e o “y” para marcar a semivogal [y].

Talvez o desenvolvimento de pronúncia mais importante foi a queda do “a”, “o” e “u” substituídos por “e” em sílabas não-tônicas se transformando em [ǝ]. 

Esse som se chama schwa é o mais comum do inglês até hoje e está presente em sílabas não-tônicas. Assim, no inglês médio temos, por exemplo: lama (lame) se tornando lāme; nacod (naked) que vira nāked e lengðu (length) que se torna lengthe.

No geral, um dos grandes problemas com a escrita da época é a falta de leis que governassem as convenções de escrita. Apesar de haver regras seguidas pelos escribas, elas eram comumente furadas na hora de transcrever um texto. 

Não era incomum ver a mesma palavra grafada de maneiras diferentes na mesma linha. Na realidade, essa ideia de que a escrita deve seguir uma norma fixa é muito recente.

Data também dessa época a noção do sotaque londrino como o padrão para o inglês. Considerando que Londres já era considerada uma cidade grande e rica para os padrões medievais. O inglês padrão moderno tanto o americano quanto o inglês é uma variedade do inglês londrino com toques regionais.

Gramática do Inglês Médio

Considerando os desenvolvimentos da pronúncia e de vocabulário, o que explicitei acima, com as vogais em sílabas não tônicas se transformando em uma única vogal, o número de terminações das palavras se reduziu drasticamente.

Nos adjetivos, os considerados fracos do inglês antigo terminando em -a, -e, -an, -um perderam as terminações de gênero e número e se transforma em -e ou -en. 

Por exemplo: the ǭlde man (inglês antigo: se ealda man) tem as mesmas terminações dos adjetivos do que  the ǭlde tale (inglês antigo: sēo ealde talu) and the ǭlde sword (inglês antigo: þæt ealde sweord).

O mesmo ocorreu nos substantivos em que as terminações de gênero e declinações foram eliminadas da língua. 

Porém o plural em -s que era uma das maneiras de indicar plural do inglês antigo foi mantido. Alguns plurais, no entanto, permanecem irregulares mantendo sua forma com -n do inglês antigo (ox – oxen).

Também temos o caso de algumas palavras que não eram marcadas para plural que permaneceram assim (deer, sheep). Outras palavras tinham um plural marcado pela mudança interna da palavra como em: man – men ou foot -feet. Nesses casos, essas palavras sobreviveram até hoje.

A marcação de posse que era extremamente complexa no inglês antigo, perde suas complicações e também cai na mesma terminação -es. 

Ao mesmo tempo, os artigos também foram neutralizados, permanecendo apenas o “the”, “one”/”an” e “a”. No caso dos artigos, ainda não existe a distinção entre “a” e “an” para antes de vogal ou consoante. Essa mudança foi observada primeiramente no norte, onde “an” foi reduzido para “a” antes de consoantes já em 1200, porém o sul demorou mais de duzentos anos para apresentar as mesmas características.

Os advérbios que antes terminavam com  -e ou -lice, passaram agora no inglês médio a terminar em -ly:

He made the peple pitously to synge

‘He made the people sing compassionately’ (The Friar’s Tale 1316)

Os demonstrativos do inglês médio passaram agora a ser usados como pronomes relativos. Isso inicia a característica do that como função de pronome relativo em inglês:

after þan flode. þat fram God com. þat al ere acwelde.

after that flood which from God came which all here killed

‘after the flood which came from God (and) which killed all (creatures) here

Por causa dessas mudanças, o inglês passou a precisar de preposições e partículas para indicar a relação entre os elementos da frase. Isso aconteceu considerando que no inglês antigo tínhamos um extenso número de terminações para indicar as relações entre as palavras. Como consequência, a ordem das palavras em inglês ficou muito mais fixa mantendo o sujeito antes do verbo até hoje.

De todas as palavras, as que mais mantiveram sua complexidade do inglês antigo foram os pronomes, mas nesse caso, o dual desapareceu. Ainda assim, diferentes dialetos do inglês médio usavam diferentes pronomes dependendo da região. 

Em relação aos verbos, devido a junção de vogais já explicada, as terminações pessoais começaram a desaparecer. No geral, a língua estava a caminho de regularidade cada vez mais presente porque os falantes não estavam mais dando conta de um sistema tão complexo. 

Os verbos auxiliares do inglês médio eram na realidade mais simples do que os do inglês contemporâneo e também menos frequentes. 

Inicia-se uma mudança no uso do verbo do como auxiliar e ele passa a compor perguntas como no inglês moderno. Mais para o fim do período, o negativo not começa a se contrair com os auxiliares que vinham antes da partícula.

Como vimos ao longo desse texto, a influência do francês no inglês é enorme e explica muito dos fenômenos gramaticais e  de vocabulário que se conservam até hoje.

Se este texto te ajudou a ver melhor a influência do francês no inglês, por que você não vê outros posts que podem te ajudar?

Fonte: ALGEO, J. The Origins and Development of the English Language. 2010

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